terça-feira, 12 de maio de 2009

[ Simplificando o aMor aduLtO ]


......... Uma pergunta que deveríamos nos fazer com alguma frequencia até encontrar a resposta é: quando foi que começamos a complicar tudo nas questões amorosas? Porque a gente não nasce complicada, né? E ao contrário do que se tenta propagar, adolescentes são mais simples para resolver suas relações do que nós, adultos. Sim, eles dramatizam, tendem a achar que seus problemas são os maiore do mundo, mas, quando querem, resolver tudo com a maior facilidade. E criam códigos e leis que só ajudam a facilitar ainda mais para o lado deles. Como bem exemplificou a filha de uma amiga, de 11 anos, que recebeu de um colega de escola uma declaração de amor e contou para a mãe: 'Ele me disse 'eu te amo". Minha amiga já anciosa, perguntou: 'E  o que você respondeu?' 'Respondi 'eu também', né mãe? Ia dizer o que?' Simples assim: ouviu 'eu te amo' responde 'eu também' e depois resolve o que vai fazer com isso. É ai que entra a pergunta: quando é que a gente deixa de ser prática assim?


.......... Na mesma conversa, minha amiga, esquecendo que somos do século passado, mas já estamos em 2009, seguiu com sua sutil investigação: 'Mas ele te pediu em namoro, filha?' E a menina, já perdendo a paciência: 'Claro que não, mãe, para ser namoro tem que ficar quatro vezes antes'. Mais um pouco e ela desenharia uns gráficos para tentar fazer sua querida progenitora entender as regras desse jogo. E ela, a mãe, que apesar de só ter 41 anos, naquele momento estava se sentindo - e sendo vista - com uns 80, ficou pensando como é que não estabelecemos normas assim para nós, burras velhas, que até hoje nos remoemos com dúvidas tipo namoro-ou-amizade. E se imaginou dizendo coisas assim para suas amigas, quando elas viessem lhe falar, por exemplo, sobre a indefinição de uma relação recente. 'Querida, quantas vezes vocês já ficaram? Três? Falta uma pra apresentar à família. Dez? Casa, meu bem, que isso já é marido'. Isso nos pouparia, no mínimo, umas 20 crises de insegurança, 35 fins de tarde ao lado do telefone e umas 42 dores-de-cotovelo ao longo da vida.


.......... Ok, não da para culpar minha amiga.  Nós já somos do tempo do ficar - graças a Deus ninguém mais jovem precisou nos explicar isso -, mas também vivemos a época em que os meninos nos pediam em namoro. E se me lembro bem, nós tinhamos que pedir um tempo pra pensar. Nem que esse tempo fosse de, sei lá, umas duas horas e meia, tinha que ser assim, não pegava  nada bem responder na hora. E os términos também tinham que ser oficializados, não tinha essa de simplesmente sumir, não, tinha que ir lá e acabar tudo, mesmo que fosse preciso evocar clichês do tipo o-problema-não-é-você-sou-eu. A questão é que esse passo-a-passo caiu em desuso antes mesmo que fizéssemos 15 anos, e, ao contrário da garotada, não fomos espertas o bastante para criar um novo manualzinho que nos livrasse das complicações da vida adulta e do consequente sofrimento.






rosas-amor


.......... O que podemos fazer, a essa altura do campeonato, é descer do salto, calçar as sandálias da humildade e aprender com nossas jovens meninas. E quem sabe sair dizendo uns 'eu te amo' inconsequentes por aí. E quem sabe sair ficando uma, duas, cinco, vinte vezes com um carinha sem se preocupar no que isso vai virar. E lembrar da segurança que a adolescência nos dava e pensar que não há por que não retomá-la. E quem sabe, enfim, perceber que simplificar um pouco as coisas, que é só o que precisamos fazer, pode ser mais fácil do que parece.


[ Cláudia Cecília ]


[via saltoagulha -  blog dela :]