segunda-feira, 3 de setembro de 2007

[ LieseL MeMinGeR ]


"Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em 'A menina que roubava livros'.
[...]
Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é à nossa narradora. Um dia, todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena."
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   O autor dessa pequena obra prima tem apenas 31 anos, chama-se Markus Zusak é australiano, e conseguiu com uma habilidade impar construir um libelo contra a tirania e o medo, usando para isso a linguagem, o amor aos livros e a palavra como sua principal arma. A menina que roubava livros" está há 43 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times. Encante-se.
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[trEcho do LivRo]

"[P r ó L o g O]
Uma cordilheira
de escombros
onde nossa narradora
a p r e s e n t a :
ela mesma
as cores
e a roubadora de livros

[Morte e Chocolate]
Primeiro, as cores.
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento.
* e i s u m p e q u e n o f a t o *

Você vai morrer.

   Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

* r e a ç ã o a o f a t o s u p r a c i t a d o *

Isso preocupa você?

Insisto — não tenha medo.

Sou tudo, menos injusta.

- É claro, uma apresentação.

   Um começo.

   Onde estão meus bons modos?

   Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.
A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento
Em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?

   Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo — o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar.
[...]

*u m a p e q u e n a t e o r i a*

   As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
[...]
É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas:

   Uma menina
   Algumas palavras
   Um acordeonista
   Uns alemães fanáticos
   Um lutador judeu
   E uma porção de roubos

Vi três vezes a menina que roubava livros.
[...]
Aqui está ela. Uma dentre um punhado.
A menina que roubava livros.
Se quiser, venha comigo. Vou lhe contar uma história.
Vou lhe mostrar uma coisa."
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